sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Um final de semana sem fim... Parte II

Atendendo aos insistentes pedidos de minha grande amiga e maior fã Fê, darei continuidade, como ela mesma diz, à “saga” do Willy....

... Algo estranho. A casa está vazia ... são 4h00 da madrugada...

Naquele mesmo instante percebi que havia algo errado. Willy sempre teve uma percepção aguçada ao menor sinal de barulho vindo de fora, as orelhas já se moviam e ele já avisava que algo ou alguém se aproximava de seu território. O fato de não ouvir um único latido, já era sinal de que algo não ia bem.

O silêncio da madrugada e a tensão que pairou no ar naquele momento foram assustadores, naquele silêncio pude ouvir as batidas aceleradas de nossos corações.... a cada cômodo vazio as pernas mais e mais bambas e a terrível sensação de impotência. Após longos e intermináveis minutos de angústia aceitamos o inaceitável e encaramos a crua realidade.... Willy havia fugido.

Impossível conter as lágrimas.... às 4h00 da manhã nosso pequeno amigo, ainda filhote (naquele tempo Willy tinha apenas 3 anos), perdido nas ruas escuras de um bairro afastado na cidade maravilhosa. Não havia o que fazer... os moradores do bairro estavam recolhidos, as luzes das casas e dos pequenos prédios apagadas, nenhum sinal de nosso amigo. Percorremos ruas e quarteirões em silêncio .... a única palavra que conseguíamos pronunciar naquele momento era seu nome “Willy” ... mas em vão.

Diante da impotência daquele momento o jeito foi voltar pra casa e recomeçar “as buscas” no dia seguinte, ou melhor, horas mais tarde, afinal, já estava amanhecendo...
Ao chegar em casa me deparei com os brinquedos de Willy na sala, a tigelinha de ração e a coleira atirada no chão. Cada um recolhido no seu próprio sofrimento, apenas ouvindo o barulho da tempestade caindo lá fora e pensando: “Aonde será que Willy está agora”??
Aos primeiros raios de sol saímos à procura de nosso amigo. A intenção era tocar a campainha de todas as portas que encontrássemos em nossa frente. De repente Willy poderia ter se abrigado em uma casa qualquer, ou senão, poderia ter sido “recolhido” por algum morador de bom coração. Assim que estacionamos o carro descemos em disparada para começar a difícil e sofrida “busca”. Os olhos inchados e as olheiras entregavam que a noite não havia sido fácil para nenhum de nós. Assim que descemos do carro, meu pai, que se mostrou forte desde o início, correu em direção ao primeiro prédio da rua e tocou a campainha do primeiro apartamento. A voz do outro lado da linha não nos ajuda... Alguns andares acima duas mulheres estão na janela e parecem preocupadas em nos ajudar:

- “Por acaso vocês estão procurando um cachorrinho branco?? Um poddle??”

Todos respondem em uma só voz e com o coração saindo pela boca:

- “Siiiimmmm”!

E então a mulher responde com um sorriso no rosto ao ver que ajudaria uma família desesperada:

- "Ahhhh meu filho acabou de sair com ele para passear! Ontem a noite eu estava passeando com meu cachorro quando vi ele pulando o portão. Acho que ele se assustou com a queima de fogos e fugiu. A sorte é que estávamos passando bem na hora e conseguimos pegá-lo, caso contrário, ele não teria a mesma sorte. Essa avenida é muito movimentada e os motoristas de ônibus descem em alta velocidade”.

Impossível descrever a felicidade, a alegria, a excitação, a tranqüilidade, o prazer e o bem estar que senti naquele momento.
Me viro para esquerda e lá estão eles.... Willy com uma cordinha improvisada amarrada no pescoço e aconchegado no colo daquele menino....
Todos choram: meu pai (que demonstrou força e frieza durante todo o tempo), minha mãe (que prometeu na noite anterior que pararia de fumar caso conseguíssemos encontrá-lo), e até hoje, 8 anos depois, não colocou nenhum cigarro na boca, as mulheres do 5º andar (anjos da guarda), o amigo do anfitrião (que nos emprestou a casa para que Willy passasse algumas “horas”), o anfitrião (que nos emprestou o apartamento, cujo pequeno hóspede não poderia entrar) e eu... que naquele dia pensei que tivesse perdido para sempre o meu melhor amigo... “a alegria da casa”....

"Ninguém pode se queixar da falta de um amigo podendo ter um cão."

Um comentário:

Anônimo disse...

Confesso que essa história me fez cair lágrimas dos olhos de tanta emoção que eu senti e de saber que ainda existem pessoas boas nesse mundo!!Amei a primeira saga da vida do Willy e continuarei entrando no blog para acompanhar as novas!!Um grande beijo e um ótimo fim de semana para o Willy e para a Lé que sempre morou, mora e morará para sempre no meu coração.